
Hoje é comum ouvir muitas reclamações dos educadores, por estarem “sozinhos” nas escolas, isto é, sem o devido acompanhamento técnico necessário de seu trabalho. Ao mesmo tempo, os pais passaram a identificar a falta de estímulo dos alunos em relação às aulas, a freqüência irregular dos mesmos na escola, considerando as práticas de avaliação como “prêmios à preguiça”, com a não-retenção, como se apenas a nota fosse o regulador da “disciplina” que o sistema deveria ter, na opinião deles. Sua referência de aprendizagem, assim como de muitos educadores, ainda é o passado excludente da escola pública. Mas, estamos em outros tempos e é preciso repensar esses “modelos”. A progressão continuada nada tem a ver com a prática imposta as escolas estaduais tempos atrás. O que deveria ser uma sucessão continuada e acompanhada de aprendizagens tornou-se um regime de "promoção automática" – ninguém fica retido, mas há muitos jovens que chegam ao final da educação básica sem ao menos ter as competências fundamentais para continuar os estudos ou entrar para o mercado de trabalho. A progressão continuada, que ainda é dos nossos anseios, inscreve-se numa proposta pedagógica centralizada no processo de ensino e aprendizagem. Um de seus princípios é o respeito pelo desenvolvimento do ser humano, que muitas vezes não tem relação direta com o tempo cronológico e administrativo usualmente adotado pelas escolas. Esta proposta exige que se faça o acompanhamento passo a passo do aluno, avaliando o processualmente e organizando situações didáticas que assegurem o seu desenvolvimento, exigindo da escola e do educacor um envolvimento mais intenso no seu trabalho.A progressão continuada, portanto, é muito mais do que a noção comum que temos de avaliação. Ela expressa uma organização do sistema escolar resultante de uma concepção mais democrática de educação, de ensino, de aprendizagem, de currículo, de trabalho pedagógico. Chegou a hora de pais, mães, famílias e, enfim, toda a comunidade, acompanhar mais o que acontece nas escolas em que estão suas crianças, para entender as propostas que ali se realizam ou deixam de ser realizadas. Ou ao invés disso, simplesmente aprovar a reprovação, penalizando novamente os próprios estudantes. É preciso debater mais sobre qual educação queremos para nossos filhos, saber mais sobre os recursos financeiros necessários e exigidos ao poder público para valorizar os profissionais da educação e a escola pública. Uma boa ocasião para começar é a 1ª. Conferência Conjunta de Educação, que acontece nos dias 19 e 20 de junho, evento no qual o nosso município, ao lado de Campo Limpo Paulista e Jarinu, vai debater esses e outros assuntos importantes e que dizem respeito ao futuro de nossas crianças.
Luciano Braz de MarquesSecretaria de Educação Esporte Cultura e Lazer de Várzea Paulista S.P.
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