Objetivo do vereador é implantar na cidade o projeto de combate às drogas "Crack, é possível vencer"
Buscando reunir o maior número de segmentos sociais numa interminável luta contra o crescimento do consumo de drogas em Várzea Paulista, o vereador Silso das Neves (PRP) tenta implantar na cidade, o Programa Crack, é possível vencer.
Para isso, tem procurado conhecer outros projetos que tratam do tema e que já estão dando certo.
É o caso do Programa ‘To Vacinado Contra as Drogas’ do Conselho Municipal Anti-Drogas (Comadi) da Secretaria de Segurança Pública Municipal de Itapevi.
De acordo com o vereador, a iniciativa dele e de alguns parceiros que já vem trabalhando com este tema na cidade se intensificou quando da divulgação do programa do governo federal ‘Crack, é possível Vencer’. “Quando ficamos sabendo do programa, de imediato já quisemos fazer esta ação em Várzea Paulista.
Até por que estamos trabalhado bastante com esta realidade nos últimos três mandatos, dentro da Educação com as crianças e este projeto veio ao encontro da realidade que vivemos na cidade”, salientou o vereador, destacando que este não é um problema exclusivo de Várzea Paulista, mas em todo Brasil. “Muitas família estão passando por esta problemática e esta é uma forma de podermos uma parcela de contribuição no sentido de combater este problema.
Ainda que seja apenas programas de orientação para crianças e adolescentes para que evitem entrar neste mundo”, frisou o parlamentar. Silso afirmou que já entrou com algumas ações pela Câmara Municipal de Várzea Paulista, para que o governo municipal abra as portas das secretarias de Saúde, juntamente com projetos que vêm com a Segurança e na questão da Educação que é referente a orientação nas escolas. “E qual a nossa iniciativa? É trazer pessoas que já viveram o problema das drogas na pele para contar a sua história e qual a realidade de quem entra neste mundo e que possa nos ajudar a orientar os jovens e seus familiares”, explicou, exemplificando o Programa ‘To Vacinado Contra as Drogas’. “Estamos empenhados nas ações e para isso necessitamos de parceiros que queiram fazer parte desta luta que é prevenir a entrada destas crianças no mundo das drogas. Por enquanto somos bem pequenos, mas estamos começando uma célula que certamente vai envolver a cidade toda nesta batalha”, argumentou.
Em sua avaliação, muitas pessoas falam sobre o problema, mas ninguém realiza ações efetivas neste sentido. “Poucas pessoas vão para a rua enfrentar este problema". As vezes existem ações isoladas que não têm o efeito necessário e com isso as drogas vão tomando conta dos jovens nas escolas e em outros locais. “Queremos conscientizar as pessoas de que alguma coisa precisa ser feita e logo através de mecanismos que possam ajudar a sociedade a vencer esta situação. Sabemos que é uma tarefa árdua. Mas é preciso mostrar aos pais qual é a atual realidade e situação que estamos vivendo”, salientou.
O vereador avaliou que é possível e que a cidade tem condições de implantar programas desta natureza que visam ações preventivas contra as drogas. “Existem verbas federais para a implantação do programa em Várzea e o município precisa buscar estes recursos. E eu serei o primeiro a correr atrás destas verbas”, observou. Além disso , Silso enfatiza que será preciso muitas parcerias para que o projeto dê certo. “Vamos buscar parcerias com o comércio, empresas privadas e de pessoas que queiram ajudar a levar estas palestras para escolas e outros locais e quem sabe, ajudar a recuperar pessoas que estão nesta situação”, esclareceu. Várzea drogas depoimentos
Depoimento
“Vivi 82 dias de minha vida como um morto vivo”
Um dos palestrantes responsáveis pelo programa ‘Tô Vacinado Contra As Drogas’ é o Guarda Municipal de Itapevi, Robson de Freitas de 44 anos e que há 18 ministra palestras em escolas e outros locais. Além de guarda municipal, Robson é membro do Conselho Municipal Anti-Drogas (Comadi) da Secretaria de Segurança Pública Municipal de Itapevi e explica que o projeto, embora seja municipal, faz parte do programa do governo federal, Crack, é Possível Vencer. “Também desenvolvo este trabalho em Santana do Parnaíba, Jacareí e Fundação Casa, e agora, pensando em implantar o projeto em Várzea Paulista, onde estou sendo bem recebido”, esclareceu, lembrando que o ‘To Vacinado’, é uma experiência que vem dando certo em outros municípios. “Inclusive eu quero agradecer o secretário Kleber Ferreira de Itapevi, os vereadores Maruxo Amâncio Neto de Santana do Parnaíba e Rogério Timóteo de Jacareí e o pastor Geraldo Vilhena responsável pela IURD Fundação Casa.
Desde os 13 anos
A história de Robson se assemelha há muitas outras de ex-viciados que conseguem se libertar do vício e acabam servindo de lição para que muitos evitem entrar no mundo das drogas. Ele conta que iniciou sua vida de viciado aos treze anos, quando experimentou cocaína pela primeira vez dentro do banheiro da escola. Mas, por que, uma criança desta idade entra nesta?
Ele mesmo não tem uma explicação racional.
Mas em suas palestras ele mostra os efeitos das drogas e mostra em seu corpo as conseqüências de ser um drogado. “Já levei tiros, facadas, cadeia. É o sobrevivente daquilo que está vivendo e o que eu falar para ele, sabe que é verdade, porque eu já estive lá e sei como é.
O psicólogo é importante?
É sim, mas o depoimento real tem um efeito melhor”, observou.
Ele lembra que já iniciado no mundo das drogas, sua preocupação era chegar a casa e esconder sinais. “Quando eu fumava maconha, usava um colírio para esconder o olho vermelho e perfumes para disfarçar o cheiro das mãos. E isso foi apenas o começo, com o passar dos dias já não me importava mais”, contou.
Mas, segundo Robson, o pior estava por vir, uma vez que coisa puxa a outra e ele passou a conhecer o mundo real do crime, chegando ao extremo de montar uma quadrilha e ir para a cadeia. “Éramos cinco jovens, dos quais só eu sobrevivi. Eles morreram de Aids, overdose, um a polícia matou e o outro morreu em uma biqueira vendendo drogas. No mundo do crime eu era ladrão de carro e moto e também conheci a cadeia. Fora isso, perdi família, perdi o caráter, tudo. Isso é o que a droga acarreta para a pessoa”, relembrou, enfatizando que virou um lixo ao ponto de ficar 82 dias vagando pelas ruas, um verdadeiro ‘nóia’, o estágio final da pessoa que usa drogas. “Um cara que está vivo, mas se você observar bem, ele está morto: sujo, imundo, defecado, ‘chupado’...Um nóia, um louco... e eu virei isso”, lamentou.
Como tentar evitar ?
Na avaliação de Robson, é possível sim, evitar que o jovem entre no mundo das drogas. “Claro que, em primeiro lugar depende muito da pessoa, mas o o ponto principal é a família, que é responsável 70% para que a pessoa não entre para o mundo das drogas. Existem muitos casos de pessoas que têm famílias lindas e não teriam motivo para entrar nas drogas”. Lamenta.
Robson destaca que é preciso que a família esteja atenta à vida do filho, procurando saber com quem anda; onde está. “Mas o essencial é que os pais ou responsáveis sejam amigos do filho, sejam camaradas. Por que se não forem, o malandro vai ser. Se ele não der atenção para o filho, o traficante dará. Esse é um ponto crucial. Não que isso vai isentar seu filho de ir para as drogas. Por que tem muitos casos que os pais dão carro, carinho, dá tudo e mesmo assim...É preciso prevenir, estar atento aos sinais”.
É possível sair?
Outra conseqüência de sua loucura, segundo contou Robson foi quando perdeu a perna direita vitima de um acidente. Neste dia ele conta que havia cheirado 5 gramas de cocaína de uma vez. “Após ficar vários dias em coma, entubado e sem a perna, quando acordei, quem estava ao meu lado?
A minha mãe.
E o que veio a minha mente: cadê os ‘parceiros’ do crime, a mulherada. Naquela hora quem estava comigo era a minha mãe que eu um dia maltratei, que eu roubei, que eu fiz sofrer em decorrência das drogas”, conta emocionado Robson, enfatizando que a sua mãe disse quando ele acordou: você é meu filho! Não importa o que tenha feito. “Foi neste momento que me veio a consciêncientização de que eu tinha que deixar este mundo. Por que, o mais importante é que o dependente queira deixar o vício.
O que possibilita à pessoa sair deste mundo é o apoio da família, consciência e a força de vontade, mas principalmente a crença no Senhor Jesus, independente de qualquer religião, principalmente depois de tudo que eu passei, foi o que me tirou deste caminho”, destacou.
(Marcos Nascimento)
(Foto - Redação JV)