Karol Assunção *
Adital
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Movimentos feministas, juntamente com organizações estudantis e populares, realizam, hoje (09), uma manifestação contra a violência sexista que ocorre desde o dia 22 de outubro na Universidade Bandeirante (Uniban Brasil), em São Bernardo do Campo (SP). O ato está marcado para acontecer às 18h (horário de Brasília), em frente à instituição de ensino (Av. Dr. Rudge Ramos, 1501).
De acordo com Sonia Coelho, da Marcha Mundial das Mulheres, o objetivo da manifestação é repudiar a ato de violência contra a estudante Geisy Arruda. No dia 22 de outubro, a universitária foi ameaçada e agredida verbalmente por alunos e alunas da instituição em que estuda. O motivo seria a roupa usada pela jovem: um vestido considerado curto por vários estudantes.
As consequências da escolha da roupa não acabaram nas agressões. Ontem, a Uniban divulgou, através de comunicado, a expulsão da jovem. "Foi constatado que a atitude provocativa da aluna, no dia 22 de outubro, buscou chamar a atenção para si por conta de gestos e modos de se expressar, o que resultou numa reação coletiva de defesa do ambiente escolar", afirma a instituição.
No comunicado "A educação se faz com atitude e não complacência", a Uniban ainda afirma que os estudantes envolvidos no episódio e que foram identificados também serão punidos. Entretanto, ao contrário de Geisy, acusada de "desrespeito aos princípios éticos, à dignidade acadêmica e à moralidade", nenhum dos alunos foram expulsos, mas apenas suspensos.
Para Sonia, a atitude da Uniban é repudiável. "De vítima, ela foi transformada em ré. Com isso, a Universidade justifica a violência", considera. A indignação à decisão da universidade também foi compartilhada pela União Nacional dos Estudantes (UNE).
"Além de não punir os estudantes envolvidos na violência sexista, responsabiliza a aluna pelo crime cometido contra ela e a expulsa da universidade de forma arbitrária, como se dissessem que, para manter a ordem, as mulheres devem continuar no lugar que estão, secundárias à história e marginalizadas do espaço do conhecimento.", comenta em nota, assinada pela Diretoria de Mulheres da UNE.
Por conta disso, no ato de hoje, os manifestantes entregarão à Uniban um documento exigindo: "a suspensão do ato de expulsão, retratação perante a aluna e a punição de quem de fato cometeu a violência, e realização de evento educativo como forma de prevenção de episódios deste tipo".
Sonia lembra ainda que esse não é um episódio isolado. "Não é exceção. A mulher sofre [violência] constantemente: na rua, em casa, na escola...", ressalta. Apesar de ser uma luta antiga do movimento feminista, a violência contra a mulher ainda está presente na sociedade. "A violência pode ser interpretada como controle sobre as mulheres", explica.
De acordo com ela, a sociedade ainda vive sob uma "dupla moral": por um lado, incentiva a erotização da mulher, do corpo; por outro, considera que a mulher deve ser recatada, subordinada. "Nós ainda não somos pessoas livres para tomar decisões", desabafa.
Segundo Sonia, a naturalização e a banalização da violência contra as mulheres são tão fortes que até mesmo as "mulheres incorporam essa visão". Prova disso aconteceu no episódio do dia 22 de outubro, quando garotas também agrediram verbalmente a estudante. Na opinião de Sonia, elas estavam "reproduzindo" o discurso machista, muitas vezes também reproduzido pelas próprias vítimas. "Muitas [mulheres] vítimas [de violência] não denunciam porque se acham culpadas dessa violência", destaca.
* Jornalista da Adital
De acordo com Sonia Coelho, da Marcha Mundial das Mulheres, o objetivo da manifestação é repudiar a ato de violência contra a estudante Geisy Arruda. No dia 22 de outubro, a universitária foi ameaçada e agredida verbalmente por alunos e alunas da instituição em que estuda. O motivo seria a roupa usada pela jovem: um vestido considerado curto por vários estudantes.
As consequências da escolha da roupa não acabaram nas agressões. Ontem, a Uniban divulgou, através de comunicado, a expulsão da jovem. "Foi constatado que a atitude provocativa da aluna, no dia 22 de outubro, buscou chamar a atenção para si por conta de gestos e modos de se expressar, o que resultou numa reação coletiva de defesa do ambiente escolar", afirma a instituição.
No comunicado "A educação se faz com atitude e não complacência", a Uniban ainda afirma que os estudantes envolvidos no episódio e que foram identificados também serão punidos. Entretanto, ao contrário de Geisy, acusada de "desrespeito aos princípios éticos, à dignidade acadêmica e à moralidade", nenhum dos alunos foram expulsos, mas apenas suspensos.
Para Sonia, a atitude da Uniban é repudiável. "De vítima, ela foi transformada em ré. Com isso, a Universidade justifica a violência", considera. A indignação à decisão da universidade também foi compartilhada pela União Nacional dos Estudantes (UNE).
"Além de não punir os estudantes envolvidos na violência sexista, responsabiliza a aluna pelo crime cometido contra ela e a expulsa da universidade de forma arbitrária, como se dissessem que, para manter a ordem, as mulheres devem continuar no lugar que estão, secundárias à história e marginalizadas do espaço do conhecimento.", comenta em nota, assinada pela Diretoria de Mulheres da UNE.
Por conta disso, no ato de hoje, os manifestantes entregarão à Uniban um documento exigindo: "a suspensão do ato de expulsão, retratação perante a aluna e a punição de quem de fato cometeu a violência, e realização de evento educativo como forma de prevenção de episódios deste tipo".
Sonia lembra ainda que esse não é um episódio isolado. "Não é exceção. A mulher sofre [violência] constantemente: na rua, em casa, na escola...", ressalta. Apesar de ser uma luta antiga do movimento feminista, a violência contra a mulher ainda está presente na sociedade. "A violência pode ser interpretada como controle sobre as mulheres", explica.
De acordo com ela, a sociedade ainda vive sob uma "dupla moral": por um lado, incentiva a erotização da mulher, do corpo; por outro, considera que a mulher deve ser recatada, subordinada. "Nós ainda não somos pessoas livres para tomar decisões", desabafa.
Segundo Sonia, a naturalização e a banalização da violência contra as mulheres são tão fortes que até mesmo as "mulheres incorporam essa visão". Prova disso aconteceu no episódio do dia 22 de outubro, quando garotas também agrediram verbalmente a estudante. Na opinião de Sonia, elas estavam "reproduzindo" o discurso machista, muitas vezes também reproduzido pelas próprias vítimas. "Muitas [mulheres] vítimas [de violência] não denunciam porque se acham culpadas dessa violência", destaca.
* Jornalista da Adital
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