
DANI COSTA
dani.costa@diariosp.com.br
A Marcha para Jesus reuniu na capital cerca de cinco milhões de pessoas, de acordo com a organização do evento. A Polícia Militar não divulgou nenhum número, mas não foi difícil entender de onde tiraram essa estimativa. A Praça Heróis da Força Expedicionária Brasileira (FEB), na Zona Norte de São Paulo, foi tomada por uma multidão que chegou até a Marginal Tietê, na altura da ponte Cruzeiro do Sul. Quatorze trios elétricos seguiram da estação de metrô Tiradentes, com 400 caravanas vindas de todo o Estado.
Essa foi a 18ª edição, mas a primeira desde que teve sua data estabelecida por lei federal e passou a fazer parte do calendário oficial do país. Segundo a nova lei, a Marcha acontecerá todos os anos 60 dias após a Páscoa. A Marcha acontece anualmente em todo o mundo, e é considerada o maior evento gospel do planeta. Seu intuito é reunir todas as igrejas cristãs.
Por conta da Copa do Mundo, o tema da Marcha paulista foi o futebol. O apóstolo Estevam Hernandes, que preside a Marcha e é líder da Igreja Renascer em Cristo, estava com uma camisa verde e amarela autografada pelo jogador de futebol Kaká, que se tornou presbítero da Renascer. O tema deste ano foi “Marchando sobre as Águas”, e contou com a apresentação de vários músicos famosos no meio gospel, como André Valadão, Chris Duran, Soraya Moraes e Irmão Lázaro.
Protesto
Durante a caminhada até à Praça Heróis da FEB, um pequeno grupo de pessoas protestou contra a festa. A faixa que carregavam dizia que a Marcha perdeu seu caráter religioso para se transformar em um evento midiático. Durante a coletiva de imprensa, Estevam Hernandes retrucou dizendo que é uma acusação absurda. “O que estou carregando no peito é Jesus, não é para exaltar homens e sim Jesus Cristo. Se isso incomoda meia dúzia de pessoas, não posso fazer nada”, disse.
O bispo falou ainda que os evangélicos poderiam ter mais espaço no Brasil, pois ainda sofrem discriminação.
Devoção à prova de limites
No meio da multidão de cinco milhões de pessoas, a auxiliar de escritório Auziane de Matos, de 26 anos, mal podia se mexer. Mas ela estava disposta a tudo e orgulhosa de ter conseguido se colocar próximo ao palco. Auziane saiu em uma caravana da cidade de Juquitiba, a 73 quilômetros de São Paulo para, finalmente, participar do evento. “É a primeira vez que venho, vale todo o esforço, todas as dificuldades, porque a comoção é recompensadora”, disse.
Elienai Martins, uma cadeirante de 15 anos, mostrou que a determinação e a superação já fazem parte da sua vida. Ao lado da família e de amigos da caravana de Agudos, a 323 quilômetros da capital, apesar de haver ao lado do palco uma área específica para portadores de deficiência, ela insistiu em ficar junto com a multidão, curtindo os shows e acompanhando os momentos de adoração. Sua mãe, a dona de casa Débora Martins, de 41 anos, explicou que Elienai preferia ficar ali a se sentir sozinha na área reservada. “Eu vim em todas as marchas, e ela sempre me acompanhou, mesmo com suas impossibilidades físicas. Não me surpreende que ela queira curtir os shows com a gente”, disse..
A auxiliar de enfermagem Cristina Maria da Silva, de 41 anos, ficou na vontade de acompanhar a Marcha durante anos. Mas só o fez pela televisão. A filha Alexia, de 11 anos, a estimulou a ir. “É muito mais intenso, claro, sentir tão de perto essa energia”, revelou.
Já o tecnólogo Felipe Rodrigues, de 30 anos, não estreava na Marcha, mas levava uma estreante, sua filha Daniela, de apenas 1 ano e 7 meses.“É emocionante ver a adesão de tantas igrejas à festa”, disse.
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