quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Quatro anos após acidente com voo da Gol, parentes de vítimas ainda esperam que justiça ache culpados.

O acidente com o Boeing 737 da Gol, que bateu em um jato Legacy e caiu em um trecho de mata fechada no norte de Mato Grosso, completa quatro anos nesta quarta-feira (29), mas familiares das vítimas ainda esperam a Justiça definir os culpados pela tragédia, que matou 154 pessoas.

A associação dos Parentes e Amigos das Vítimas do Voo 1907, criada para unificar os interesses dos familiares das vítimas, cobra que os culpados sejam julgados. Dante D'Aquino, advogado da associação, credita a responsabilidade do acidente aos dois pilotos do Legacy, Jan Paul Paladino e Joseph Lepore, e afirma que a sentença pode sair no ano que vem.

- Em outubro devem terminar os últimos depoimentos e a sentença deve sair no primeiro semestre de 2011. A Gol não teve culpa, não pode ser acusada de negligência, e nem os controladores de voo ao contrário do que se achou na época do acidente. Tanto provas da caixa preta, quanto o planejamento de voo, mostram que eles [Paladino e Lepore] erraram em diversos procedimentos, causando a batida. Tudo leva a crer que foi culpa deles.

Atualmente, os pilotos moram nos Estados Unidos. Paladino trabalha na empresa American Airlines e Lepore na companhia de táxi aéreo Excelaire. Ambos respondem aos processos em liberdade.

Angelita Rosicler de Marchi, esposa de Plínio Luiz de Siqueira Júnior, morto no acidente, não se conforma. Presidente da associação, que reúne dois terços dos parentes das vítimas, ela cobra justiça e se revolta com o fato de os pilotos ainda trabalharem na área.

- Esperamos que algo aconteça em breve. Já se passaram quatro anos. A Justiça é muito lenta. Não existem mais provas adicionais para serem anexadas ao processo. No mínimo, eles [os pilotos] deveriam perder o direito de pilotar enquanto o processo corre. E o pior é que, mesmo se condenados, eles provavelmente nunca vão cumprir pena no Brasil.

Defesa

Alvos das críticas dos familiares das vítimas, os pilotos são representados no Brasil pelos advogados José Carlos Dias e Theo Dias. Para o último, não há demora no andamento do processo. O que está acontecendo, diz ele, é uma "estratégia para incriminar apenas seus dois clientes".

- É um caso complexo, há muitas provas a serem analisadas. Não é um acidente de trânsito, por isso demora. Acredito que a Justiça brasileira dispõe de mecanismos para julgar o caso. Eu não entendo o que a associação está querendo, já que está jogando toda a culpa apenas nos dois pilotos. O problema está na interpretação que eles fazem das provas. O relatório oficial sobre o acidente aponta inúmeras e sucessivas falhas no controle de tráfego aéreo.

No último dia 21, uma sentença do Supremo Tribunal Federal (STF) negou o arquivamento do processo movido contra controladores de tráfego aéreo envolvidos no caso. Eles estão sendo acusados de homicídio culposo, quando não há a intenção de matar.

Indenizações

Além do que chamam de demora da Justiça, os parentes das vítimas dizem estar desapontados com a companhia aérea Gol. Apesar de os familiares das vítimas concordarem que a empresa não teve culpa no acidente, o processo de indenizações foi considerado insatisfatório.

Atualmente, de acordo com a associação, apenas cinco famílias não fizeram um acordo com a Gol. Mulher do empresário Rolf Ferdinando Gutjahr, morto no acidente, Rosane Gutjahr está entre aqueles que não aceitaram as condições da empresa.

- A Gol usou da inocência das pessoas, porque tinha muita gente simples entre as vítimas. Ela ofereceu R$ 20 mil para uma família, R$ 30 mil para outra... valores irrisórios. Ou também deu uma mesada até o filho se formar. Isso é muito pouco. Eu não quis [o acordo], porque, se eu aceitasse, teria que desistir de toda e qualquer ação indenizatória aqui e lá fora, e isso seria perder a minha dignidade e chance de cobrar justiça.

Apesar de a maioria das famílias terem fechado um acordo, ainda há reclamações, segundo Angelita de Marchi.

- O pessoal aceitou por não acreditar na Justiça. Como existe o recurso do recurso do recurso (sic), a gente sabia que ia demorar anos até ver a cor do dinheiro. E, como muita gente perdeu aquele que trazia o dinheiro para a família, a urgência falou mais alto.

Em nota, a assessoria da Gol informou que "seguiu e, continuamente excedeu as normas internacionais que guiam e orientam as ações nesse tipo de situação. Para a companhia, as famílias das vítimas sempre foram o foco prioritário das atenções e isso serviu de princípio para todas as decisões tomadas pela empresa no período. A atuação da empresa, desde o atendimento às famílias até a agilidade na concessão de indenizações é, até hoje, quatro anos depois, considerada referência mundial no setor".

Ainda de acordo com a Gol, foram feitos até o momento acordos com familiares de 145 passageiros.

Histórico

No dia 29 de setembro de 2006, o voo 1907 da Gol, que saiu de Belém (PA) com destino a Brasília (DF), chocou-se com um jato Legacy no ar e caiu perto do município de Peixoto de Azevedo, em Mato Grosso. No acidente, 154 pessoas morreram. Na época, foram abertos dois processos criminais contra os pilotos do jato e os controladores de voo envolvidos. Ambos os processos tramitam em primeira instância desde 2007. Apesar de avariado, o jato Legacy, que transportava sete pessoas, conseguiu pousar com segurança.

Esse foi o segundo maior acidente aéreo na história do Brasil. O maior ocorreu em 17 de julho de 2007, quando um Airbus-A320 da TAM caiu em São Paulo e matou 199 pessoas.


Do R7

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